Cigarro eletrônico é porta de entrada para o tabagismo, afirmam pesquisas

Dados do INCA e de 25 pesquisas internacionais evidenciam que o tabagismo é o próximo passo de quem utiliza o cigarro eletrônico

O Instituto Nacional do Câncer- INCA divulgou dados de uma pesquisa realizada no Brasil e internacionalmente pontuando a utilização do cigarro eletrônico, ou vape, como porta de entrada para outros narcóticos. As informações têm alertado cidades como Teresina, onde a prefeitura sancionou um projeto de lei municipal que proibia o uso de fumígenos derivados ou não do tabaco, acrescentando na sanção os vapes e narguilês. De acordo com especialistas, a medida é bem-vinda, mas a intensificação do combate deve seguir também pelo estado.

A enfermeira e coordenadora do curso de Enfermagem do UNINASSAU – Centro Universitário Maurício de Nassau em Teresina, Mauryane Lopes, lembra que, a partir do início dos anos 90, o controle do tabagismo no Brasil tem sido ativo por meio do INCA e do Ministério da Saúde. A enfermeira reforça que, desde então, ações nacionais de combate ao consumo de cigarros, promoção e mobilização pela saúde são trazidas à amplitude das discussões sociais. “Quem utiliza o cigarro eletrônico acha que não faz mal, mas faz sim. Ali tem nicotina, substância que causa diversas doenças, como o câncer. E para reforçar essa informação, neste ano de 2021, a OMS lançou um material listando mais de 100 razões para deixar de fumar, pois cerca de 8 milhões de pessoas morrem anualmente pelo consumo da nicotina. É um dado alarmante que deve ser observado tanto nas capitais como também nas cidades do interior. Isso é um alerta global”, explicou Mauryane.

Os compostos químicos presentes no cigarro eletrônico são bastante similares aos de cigarro convencional. No entanto, os malefícios são menos conhecidos. O farmacêutico e coordenador do curso de Farmácia da Faculdade UNINASSAU, campus Redenção, Roberto Gomes, alerta para a variação de produtos químicos inalados por quem usa o aparelho, uma vez que a marca e modelo do acessório também varia. “Por não ter combustão e nem aquecimento, não há exposição ao monóxido de carbono. Entretanto, há todos os outros componentes que são imensamente prejudiciais ao organismo, como solventes químicos, metais pesados, compostos aromáticos e a nicotina líquida, vilã e promotora de efeitos colaterais relacionados ao sistema cardiovascular. Ou seja, esse acessório é igualmente repulsivo como o cigarro tradicional”, finalizou o farmacêutico.

Especialistas em diversas áreas reforçam a orientação do não uso dos cigarros, sejam eletrônicos ou não. Em outra perspectiva, é importante ressaltar que cerca de 1 milhão do total de óbitos anuais por utilização da nicotina não são fumantes, são apenas parceiros ou conviventes de ambientes com o fumígeno. Por isso, o alerta para a não utilização também é respaldado na Resolução da Anvisa (RDC 46/2009), que proíbe a comercialização, importação e propaganda de todos os tipos de dispositivos eletrônicos para fumar no Brasil.