Calázio: doença crônica afeta as pálpebras e precisa ser tratada

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Embora não afete a córnea e estruturas internas do olho, se houver infecção não tratada pode ocasionar complicações que afetem a saúde ocular geral.

O cuidado com a saúde dos olhos, em todas as suas dimensões, é um alerta constante de médicos especialistas na área. Inúmeras doenças podem acometer esse órgão do sentido, a exemplo do calázio, que é uma inflamação crônica das glândulas de Meibômio, que são glândulas sebáceas localizadas nas pálpebras. Ele ocorre quando a abertura da glândula é bloqueada, levando ao acúmulo de secreção sebácea e formando um nódulo na pálpebra. Apesar de ser mais comum na pálpebra superior, pode ocorrer em qualquer uma das pálpebras.

Embora muitas pessoas tenham a tendência a confundir o calázio com o terçol, não se trata da mesma doença. É preciso compreender que o terçol é provocado pela inflamação aguda das glândulas da pálpebra em decorrência de infecção causada por bactérias estafilococos. Mas a verdade é que seja calázio ou terçol, é fundamental desenvolver práticas regulares de idas ao oftalmologista para identificar e tratar essas e outros eventuais problemas relacionados à visão.

Já com relação às causas e fatores comportamentais do calázio, o Dr. Mateus Vilar, médico oftalmologista, explica que a doença pode surgir devido a várias razões, como condições inflamatórias das pálpebras, a exemplo da blefarite, ou como resultado de uma infecção prévia. “Fatores comportamentais que podem contribuir incluem a má higiene ocular, o uso de maquiagem sem remoção adequada e a presença de condições pré-existentes, das quais podemos citar rosácea ou dermatite seborreica. Além disso, pessoas que têm tendência a tocar ou esfregar os olhos com frequência podem ter maior risco de desenvolver calázio”, alerta.

O Dr. Mateus acrescenta, ainda, que os sinais típicos do calázio incluem um nódulo ou caroço indolor na pálpebra, que pode aumentar de tamanho com o tempo. “Em alguns casos, pode haver leve dor ou desconforto, especialmente se houver uma infecção secundária. A doença tende a evoluir lentamente e o nódulo pode permanecer presente por semanas ou até meses. Raramente, um calázio pode se resolver espontaneamente”, ressalta o especialista.

Calázio pode afetar a visão?

Importante ressaltar que o calázio, por si só, em regra não causa risco direto à visão das pessoas. Isso porque não afeta a córnea ou estruturas internas do olho. Contudo, de acordo com o Dr. Mateus, se for muito grande pode exercer pressão sobre a córnea, causando astigmatismo temporário ou visão turva. “Se um calázio se infectar e não for tratado, pode haver complicações que afetem a saúde ocular geral. Portanto, é importante tratar o calázio adequadamente para evitar qualquer complicação secundária”, endossa.

O tratamento inicial do calázio geralmente envolve medidas conservadoras, como a aplicação de compressas mornas várias vezes ao dia, que ajudam a amolecer o conteúdo da glândula bloqueada e promovem a drenagem natural. Além disso, “massagens suaves na área afetada também podem ser recomendadas. Se o calázio não melhorar com essas medidas ou se houver sinais de infecção, antibióticos tópicos ou orais podem ser prescritos”, informa Mateus. Em casos persistentes, pode ser necessária uma pequena intervenção cirúrgica para drenagem do calázio.