REMINISCÊNCIAS
Parte II
às 10:42
Era sábado à noite, saímos eu, o Tim e o Marquim para assistir briga de galo na rinha do M, que ficava próxima ao CEUT. Eu nunca gostei de jogos de azar, mas o Tim, meu irmão, e o Marquim, nosso amigo-irmão, sempre gostaram. Se for preciso, apostam até as calças. Seja em jogo eletrônico, carteado, jogo do bicho… e briga de galo é com eles mesmos. Chegando lá, encontramos o Pulco, que também é inveterado e apaixonado por briga de galo. Eles ficaram, em volta do tambor, apostando e bebendo. Eu, como não entendo de rinha e nem galo de briga, fiquei afastado tomando minha cerveja e ouvindo a gritaria. “Eu dou 100 por 50 no galo branco!” Não sei como eles se entendem, pois não ficava nada anotado. “Eu vou no galo preto e dou duas águas!” Aquele que aceitava a aposta, levantava a mão e gritava: “Aceito!”. Aqueles que perdiam, faziam questão de até o ganhador e pagar. E eu só na gelada e olhando os galos, que ficavam nas gaiolas, só esperando a sua vez de brigar. Como sou mole, ficava afastado por não suportar vê-los cansados e sangrando. Doía-me o peito. Às vezes, iam até as vias de fato. O Pulco passou para comprar cerveja e me viu. “Netim, rumbora pegar umas cervejas ali pra gente!”. Fomos, mas, quando voltamos, ele pediu para eu sentar ao lado dele, pois havia apostado 500,00 reais e eu ia dar sorte. Todo jogador é cheio de superstição. Se estão ganhando, o parceiro tá dando sorte, mas, se estão perdendo, a culpa é do parceiro. Por isso, sempre escolhi ficar distante da banca de apostas. Ficamos sentados próximos ao tambor. O Pulco começou a elogiar o galo, pois estava em vantagem. O M, que havia apostado no outro, que estava em desvantagem, se irritou com a vibração, e deu-lhe um soco. Por ser um senhor de idade, ele não revidou, mas disse-lhe para não repetir. O ambiente ficou em alvoroço e uma pessoa gritou: “Pode fechar a rinha!” Os frequentadores queriam linchar o M, pois tinha praticado uma covardia. Nesta hora, apareceu faca, canivete, revólver… Ouvi quando alguém disse: “Se fosse comigo, ele estava todo quebrado!”. Vamos embora! Botei todo mundo dentro carro e fomos tomar cerveja gelada e comer picanha gorda, na Biss Picanharia, do nosso amigo-irmão, Carlim, no bairro Cristo Rei.