O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) deve concluir, ainda em 2023, o registro da Arte Santeira em Madeira do Piauí e do tombamento da Igreja Nossa Senhora de Lourdes, localizada em Teresina. Ambas aguardam apenas o parecer do conselho consultivo do órgão para integrarem a lista dos Patrimônios Culturais do Brasil.
“A arte santeira tem uma especificidade estilística muito própria. Ela remete a dimensões da religiosidade e da cultura piauiense que são importantes para a constituição da identidade do estado. A Igreja de Lourdes será tombada justamente por ser receptáculo de obras importantes da arte santeira piauiense”, explicou Patricia Alcantara, historiadora do Iphan.
Essa será a primeira vez que o Iphan fará o reconhecimento do Patrimônio Cultural que congrega, ao mesmo tempo, o registro de um bem imaterial e o tombamento de uma edificação e seu acervo.
“São os dois mais importantes processos de patrimonialização. O Piauí será o primeiro estado a produzir um dossiê em conjunto, material e imaterial. A Igreja de Lourdes vai ser tombada até o final do ano como patrimônio nacional brasileiro e a arte santeira entrará no livro de formas de expressão como bem imaterial”, destacou a pesquisadora.
O processo de reconhecimento do Ofício e Modos de Fazer Arte Santeira do Piauí como Patrimônio Cultural do Brasil foi iniciado ainda em 2008. O pedido de registro com um abaixo-assinado foi entregue naquela oportunidade pelo Mestre Expedito, uma das referências da arte santeira no mundo que morreu aos 89 anos em 2023.
A solicitação passou então por uma primeira fase que consistiu em análise documental, que considerou pertinente o pedido. Em 2011, o processo foi corroborado pelo resultado do Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC), realizado pelo próprio Iphan, com um resumo do universo de santeiros em mestres, localidades e saberes inventariados.
Em 2019, foram realizadas as pesquisas de campo e eventos de esclarecimento sobre o registro e tombamento da Igreja de Lourdes junto às comunidades detentoras em Teresina e Parnaíba. Os debates e resultados dos eventos foram incorporados ao dossiê de registro, que deve ser concluído agora junto com o da Arte Santeira em Madeira do Piauí.
“Praticamente podemos considerar os dois como bens registrados. Só falta a reunião do conselho consultivo do Iphan, que deve acontecer até final do ano. Essa reunião só não ocorreu ainda por conta da redefinição de alguns parâmetros da comissão”, frisou a historiadora do Iphan.
Após a finalização do processo, a Arte Santeira em Madeira do Piauí e a Igreja de Lourdes se juntarão a outros patrimônios do estado. “Hoje temos cinco bens registrados como patrimônio nacional brasileiro: a cajuína, o saber fazer da baiana de acarajé, a literatura de cordel, o repente e as matrizes tradicionais do forró”, listou Patrícia Alcântara.
Além desses, tramitam ainda no Iphan o processo de patrimonialização dos Batuques das Comunidades Quilombolas do Piauí, a Festa da Marmelada de Gilbués e o modo de fazer das parteiras.
Fonte: cidadeverde.com