Cerca de 80 militares irão depor à PF sobre atos de 8 de janeiro

A Polícia Federal (PF) vai interrogar cerca de 80 militares do Exército sobre os atos criminosos do dia 8 de janeiro contra as sedes dos Três Poderes em Brasília. Os depoimentos começarão nesta quarta-feira (12), como parte da investigação da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o suposto envolvimento de militares em atos antidemocráticos. A apuração também investiga a eventual responsabilidade do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) nas falhas que permitiram que os criminosos invadissem o Palácio do Planalto.

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O ex-comandante de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal, o coronel Jorge Eduardo Naime, afirmou em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos que o Exército tentou impedir a prisão de manifestantes que participaram dos ataques criminosos. Naime disse que foi feita uma barreira com militares do Exército para impedir a prisão de suspeitos que estavam instalados no acampamento em frente ao Quartel-General do Exército.

Em fevereiro, o ministro Alexandre de Moraes determinou que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue os militares envolvidos nos atos de 8 de janeiro, e não a Justiça Militar. Além disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou em entrevista à CNN que tem a impressão de que as forças de segurança que atuavam em 8 de janeiro estavam comprometidas com o ataque às sedes dos Três Poderes. Lula acrescentou que foi necessário decretar intervenção federal na segurança pública de Brasília.

O inquérito da PGR envolve não só militares, mas também políticos e empresários que teriam financiado e organizado os atos antidemocráticos. As investigações visam apurar a violação da Lei de Segurança Nacional e outras leis penais. O caso tem gerado grande repercussão na imprensa e entre a população, aumentando a pressão sobre as instituições envolvidas para esclarecer os fatos e responsabilizar os culpados.