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Governo Lula publica ‘MP da Taxação’ e aumenta vários impostos de uma única vez

Medida atinge apostas esportivas, bancos, investidores e criptoativos; mudanças terá efeito imediato

Por Direto da Redação
Foto: André Borges/EFE Medida provisória que aumenta tributos, entre outras propostas, deve ser enviada em breve ao Congresso.
Medida provisória que aumenta tributos, entre outras propostas, deve ser enviada em breve ao Congresso.

O governo federal publicou nesta quarta-feira (11) uma Medida Provisória (MP) com um pacote de medidas tributárias que altera regras de arrecadação em diversos setores da economia.

A ‘MP da Taxação’ foi editada após o Planalto ser forçado pelo Legislativo a recuar em outras frentes de arrecadação e visa, segundo o Ministério da Fazenda, “corrigir distorções, construir isonomia tributária e manter o equilíbrio fiscal do Brasil”.

As mudanças atingem plataformas de apostas esportivas, instituições financeiras, investidores de renda fixa e variável, criptoativos e planos de previdência privada. Embora algumas das novas regras entrem em vigor imediatamente, outras terão aplicação gradual até 2026.

Eis as principais alterações da MP:

Apostas esportivas (bets) — A alíquota sobre a receita bruta das plataformas sobe de 12% para 18%. Do total, 6% será destinado à área da saúde. A mudança entra em vigor quatro meses após a publicação da MP.

CSLL de fintechs e instituições de pagamento — A alíquota mínima de 9% é extinta. A partir da mudança, todas as instituições financeiras pagarão ao menos 15% de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Vigência em quatro meses.

Tributação de renda fixa isenta — Será cobrado 5% de IR sobre novos títulos isentos emitidos a partir de janeiro de 2026, como LCI, LCA, CRI, CRA e debêntures incentivadas. Papéis emitidos até lá continuarão isentos.

IOF sobre risco sacado — O imposto sobre esse tipo de operação de antecipação de pagamentos empresariais é reduzido para 0,0082% ao dia.

Juros sobre capital próprio (JCP) — A alíquota de IR sobe de 15% para 20% sobre os valores pagos aos acionistas.

Unificação do IR sobre investimentos — Alíquota única de 17,5% para lucros de aplicações financeiras a partir de janeiro de 2026, independentemente do tipo de ativo ou prazo.

Criptoativos e ativos virtuais — Rendimentos e ganhos líquidos de pessoas físicas, empresas isentas e optantes do Simples passarão a ser tributados à alíquota de 17,5%.

VGBL (previdência privada) — Haverá duas fases de incidência de IOF sobre grandes aportes. Até 31 de dezembro de 2025, o imposto incidirá sobre valores superiores a R$ 300 mil na mesma seguradora. A partir de 2026, a tributação valerá para aportes acima de R$ 600 mil, mesmo que distribuídos entre diferentes instituições. Contribuições patronais ficam isentas.

Investimento estrangeiro direto — O retorno do capital investido no Brasil volta a ser isento de IOF, revertendo regra anterior que previa alíquota de 0,38%.

Tramitação no Congresso

Apesar de a MP ter efeito imediato, ela precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional em até 120 dias. O texto será inicialmente analisado por uma comissão mista de deputados e senadores, que pode sugerir alterações. Em seguida, seguirá para votação nos plenários da Câmara e do Senado.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que não há “compromisso” por parte do Parlamento com a aprovação da medida. Ele cobrou do governo ações estruturais mais amplas para o equilíbrio fiscal, como a reforma administrativa, que deve ser discutida em fase posterior das negociações.

A equipe econômica ainda não divulgou a estimativa oficial de arrecadação esperada com as novas medidas.

Fonte: Conexão Política