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Governo prevê implementação de tarifa de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros

Integrantes do governo veem chance remota de acordo para adiamento da medida. Saiba mais!

Por Redação

Diante da iminente entrada em vigor da tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, membros do governo e representantes do setor privado estão céticos quanto a possibilidade de suspensão da medida. A implementação do *tarifaço* imposto por Donald Trump a partir de 1º de agosto parece cada vez mais provável, sem margem para um acordo prévio.

Negociações em curso

Desde maio, o governo brasileiro aguarda resposta a uma carta enviada aos Estados Unidos propondo uma negociação com base em listas de produtos de interesse mútuo. A proposta envolvia a identificação, por parte dos americanos, de bens a serem exportados ao Brasil, e a indicação, por parte do Brasil, de mercadorias que os EUA poderiam importar sem sobretaxa.

Apesar de contatos informais entre diplomatas dos dois países, o governo americano ainda não se pronunciou oficialmente. Na semana passada, o Itamaraty reiterou o pedido, mantendo a expectativa de um canal institucional para evitar a aplicação da tarifa.

Postura na OMC

Nesta quarta-feira (23), o Brasil condenou na Organização Mundial do Comércio (OMC) o uso crescente de tarifas como ferramenta de coerção política, alertando para os riscos à estabilidade econômica global. O embaixador Philip Gough afirmou que *“negociações baseadas em jogos de poder são um atalho perigoso para a instabilidade e a guerra”*.

Pressão do setor privado

Diante do impasse, a estratégia passa a depender da intensificação dos esforços diplomáticos e da mobilização de empresas americanas que atuam no Brasil ou dependem de insumos brasileiros. A expectativa recai sobre esse grupo para pressionar Washington, buscando um desfecho favorável, seguindo exemplos de países como União Europeia, Canadá e México.

A retaliação direta, até o momento, é descartada. Empresários avaliam que tal medida teria impacto inflacionário interno, elevando custos de produção. Como alternativa, o governo considera ações em áreas sensíveis, como propriedade intelectual, vislumbrando endurecimentos em patentes farmacêuticas ou tributação de produtos culturais.

Ambiente político-institucional

O ambiente institucional também reflete atritos políticos. O presidente Lula critica o protecionismo de Trump e a tentativa de ingerência dos EUA no Judiciário brasileiro. Por sua vez, a gestão americana alega perseguição judicial contra Bolsonaro e tem adotado medidas nesse sentido.

A suspensão dos vistos de autoridades brasileiras pelo Departamento de Estado na última sexta-feira (18) acirrou a tensão entre os países, reduzindo a margem para um desfecho negociado a curto prazo. A incerteza paira sobre o cenário internacional, aguardando desdobramentos e posicionamentos claros das partes envolvidas.