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Fraude em concursos: Família cobrava até R$ 500 mil

Grupo familiar usava dublês e gabaritos para fraudar provas

Por Direto da Redação
Foto: Miguel Henriques/Unsplash Família cobrava R$ 500 mil para fraudar concursos; entenda o caso
Família cobrava R$ 500 mil para fraudar concursos; entenda o caso

Um relatório da Polícia Federal revelou uma complexa organização criminosa especializada em fraudar provas públicas, como o Concurso Nacional Unificado (CNU), realizado em agosto do ano passado. A investigação apontou que o grupo, composto por membros de uma mesma família, cobrava até R$ 500 mil por prova. Eles conseguiam o gabarito antecipadamente e empregavam métodos como pontos eletrônicos e dublês para realizar os exames em lugar dos candidatos envolvidos no esquema.

Interceptações realizadas pela PF mostraram um dos integrantes orientando sua filha a "levar o rascunho das respostas" e a "ler e apagar tudo". Segundo os investigadores, ele garantiu que teria acesso às respostas do CNU 2024 uma hora antes do início da prova.

Em uma das mensagens, ele instruiu: "Leva o celular. Depois que passar as respostas, você já sabe: entrando, desliga o celular". E continuou: "E a parte da tarde me aguarda, já passo as outras que ele me passar".

O esquema visava demonstrar a eficácia das fraudes para atrair novos clientes. Uma mulher, aprovada no concurso de auditor fiscal do trabalho, foi utilizada como exemplo. Além disso, as fraudes também ocorreram em concursos para bancos públicos e polícias militares.

O líder da quadrilha era um ex-policial militar da Paraíba, expulso da corporação em 2021, com antecedentes por roubo majorado, peculato, uso de documento falso e abuso de autoridade. Ele também foi aprovado no concurso de auditor fiscal do trabalho, que oferecia um salário superior a R$ 22 mil.

A organização era composta por familiares do ex-policial: seus dois irmãos e uma sobrinha. Três deles conseguiram aprovação no CNU com gabaritos idênticos, fato que chamou a atenção das autoridades. Eles eram de Patos, na Paraíba.

As investigações da PF destacaram uma estrutura hierarquizada, sustentada por vínculos familiares e de confiança, envolvendo indivíduos com histórico criminal e experiência em segurança pública. O ex-policial liderava o grupo, e seu irmão era responsável por angariar clientes e lavar dinheiro por meio da compra de veículos.

O grupo também aceitava pagamento em dinheiro, ouro, motocicletas e tratamentos odontológicos caros. Além da família de Patos, a quadrilha incluía um policial militar do Rio Grande do Norte, proprietário de uma clínica odontológica suspeita de movimentar os recursos, e um homem com histórico de fraudar concursos desde 2017, que ajudava a obter as respostas dos testes.

Fonte: Divulgação