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Inovação em segurança: Brasil lidera tecnologias do Google

Google transforma Brasil em polo de segurança digital inovadora

Por Redação
Foto: Divulgação Alex Freira: diretor de engenharia do Google
Alex Freira: diretor de engenharia do Google

O Brasil se estabeleceu como um verdadeiro laboratório para inovações em segurança do Google. A região tem sido o berço de importantes avanços, como a proteção anti-roubo do Android e os testes de “prova de vida”. Além disso, está prevista a inauguração completa, em 2026, de um novo centro de pesquisa em cibersegurança em parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

Alex Freire, engenheiro-chefe de segurança do Google no Brasil, ressalta o paradoxo presente: enquanto o país inova para proteger usuários, o crime digital avança com igual rapidez. Este contexto impulsiona iniciativas como o lançamento do Google Safety Center no Brasil, em colaboração com o IPT.

As operações de segurança do Google no país estão concentradas em São Paulo e Belo Horizonte, focando em autenticação, integridade de contas e proteção de conteúdo. O Brasil foi pioneiro na implementação de proteção contra roubos, uma solução originada de problemas locais e que agora é aplicada globalmente no Android. Na capital mineira, uma equipe dedicada há mais de uma década sustenta serviços como o Gmail, que bloqueia 99,9% dos spams e links maliciosos diariamente.

Entretanto, o restante de 0,1% representa um campo de experimentação para criminosos. Freire destaca que técnicas de phishing e fraudes via e-mail ou mensagens estão cada vez mais personalizadas, chegando ao ponto de clonar vozes em golpes de voice phishing. Essa realidade demonstra como a tecnologia, além de auxiliar, acaba por expandir o arsenal dos golpistas.

Não se trata apenas de tecnologia: o Google investiga o comportamento das vítimas através da "etnografia digital". Essa análise ajuda a redesenhar alertas, pois golpistas frequentemente exploram situações de urgência e procuram transferir a conversa para plataformas menos monitoradas, como Telegram ou WhatsApp. Esse mapeamento é crucial para detectar padrões e educar usuários em momentos críticos.

A pesquisa também se debruça sobre vulnerabilidades emocionais, como fraudes amorosas na América Latina, e populações específicas, como idosos, que são mais suscetíveis a campanhas fraudulentas de doação. Quando uma vítima é emocionalmente manipulada, avisos tradicionais tendem a ser ineficazes. O Google ajusta linguagens, tempos e rotas de ajuda, direcionando as vítimas a parceiros e autoridades competentes.

Brasil como Laboratório

Nos bastidores, está em andamento uma corrida para lidar com a criação abundante de contas, muitas vezes abusivas. Para lidar com isso, as equipes locais criaram o liveness check, que exige gestos manuais ao invés de simples selfies, adaptando-se ao hardware modesto e redes lentas, características do padrão técnico brasileiro que se tornaram referência global.

Freire argumenta que a forte presença de engenharia no Brasil influencia o roadmap global dos produtos do Google. Expostos a golpes que são raros nos EUA, os engenheiros brasileiros identificam precocemente falhas que podem se tornar problemas maiores mundialmente, transformando essa exposição em uma vantagem competitiva.

Outra estratégia do Google é disponibilizar suas ferramentas para a indústria, como o Codeium e o CodeMender, que ajudam a identificar e corrigir vulnerabilidades, incluindo as de zero-day. Essa abordagem automatizada visa neutralizar ataques, mas também pode ser explorada por criminosos.

Em conclusão, a parceria com o IPT e o lançamento do Google Safety Center consolidam o Brasil como um eixo de segurança digital da big tech. O país exporta não apenas soluções de proteção, mas também as ameaças que as motivam, destacando a importância de combinar pesquisa, engenharia e cooperação para garantir uma internet segura.