Instituto Yduqs e IDOMED lançam curso de letramento étnico-racial

No mês em que se celebra o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha (25 de julho), o Instituto Yduqs e o IDOMED lançam um curso gratuito de letramento étnico-racial como parte do programa Mediversidade. O curso é voltado a estudantes, docentes, colaboradores e profissionais da saúde. Gratuito, online e com 40 horas de carga horária, o conteúdo foi desenvolvido pelo médico Fleury Johnson, especialista em Clínica Médica e fundador do Instituto DIS (Diversidade e Inclusão na Saúde). Os quatro módulos tratam de temas como autoconhecimento, manifestação do racismo na prática clínica, estratégias de enfrentamento e o papel de cada pessoa no processo de transformação institucional. Ao final do curso, os participantes que concluírem todas as atividades propostas receberão certificação de 40 horas, reconhecida para fins acadêmicos e profissionais.
"Acredito que este curso é um passo fundamental para fortalecer a prática profissional com uma formação mais humana, técnica e ética, verdadeiramente comprometida com os nossos desafios enquanto sociedade. Ele contribui para formar profissionais que cuidam de pessoas em todas as suas dimensões, considerando origens, cor de pele, condições socioeconômicas, portadores de deficiência e orientação sexual. Profissionais que reconhecem essa pluralidade são altamente habilitados para prover um cuidado efetivo, baseado na diversidade e no bem-estar. Esse olhar é, sem dúvida, uma marca única, um diferencial na construção de uma medicina mais justa e tecnicamente eficaz", afirma Dr. Fleury Johnson, conteudista do curso de letramento étnico-racial Mediversidade.
No que se refere à construção de um ambiente formativo mais justo, Claudia Romano, presidente do Instituto Yduqs e vice-presidente do grupo educacional Yduqs, ressalta que “o curso de letramento étnico-racial reforça o compromisso da instituição com uma educação médica mais inclusiva. Ele amplia o acesso a conteúdos que estimulam a equidade e contribuem para formar profissionais mais conscientes, empáticos e preparados para atuar em uma sociedade diversa. Democratizar o ensino também significa reconhecer e valorizar as experiências de grupos historicamente minorizados. Iniciativas como essa são fundamentais para transformar realidades e gerar impacto positivo — dentro e fora da sala de aula”.
A ação reforça o compromisso do programa Mediversidade com a formação médica mais inclusiva. Dados de pesquisas nacionais e internacionais apontam que mulheres negras sofrem mais violência obstétrica, têm acesso mais restrito a cuidados especializados e maior subestimação da dor — elementos diretamente relacionados à formação e à atuação dos profissionais de saúde.
Reconhecimento internacional em Cannes
O lançamento do curso ocorre em um momento de grande destaque internacional para o programa. O Mediversidade foi reconhecido no Festival de Cannes, conquistando dois prêmios com iniciativas que integram o projeto: o livro O Corpo Preto voltado ao impacto social e a diversidade. A obra, em paralelo ao curta-metragem Corpo Preto, foi desenvolvida como parte das estratégias de sensibilização e formação sobre racismo estrutural e seus reflexos na prática médica. O reconhecimento internacional veio por meio de um Gran Prix e três ouros e reafirma o protagonismo da iniciativa como referência global na promoção de equidade na saúde.
Programa Mediversidade
Lançado em 2024 no Fórum de Diversidade do Instituto Yduqs, o Mediversidade é um programa pioneiro no Brasil que tem como objetivo tornar o ensino da medicina mais diverso e atento aos impactos dos vieses sociais. A iniciativa surgiu a partir do dado de que apenas 4,5% das ilustrações em literatura médica representam peles negras — o que evidencia lacunas no processo formativo.
“O Mediversidade é mais do que uma iniciativa, é um movimento contínuo de transformação. Temos o dever de garantir que nossos futuros médicos compreendam e respeitem a pluralidade da população brasileira, especialmente no cuidado com as populações mais vulnerabilizadas”, destaca Silvio Pessanha Neto, CEO do IDOMED.
Com três pilares principais — Ensinar, Incluir e Mobilizar — o programa reúne metas de curto, médio e longo prazos. Entre elas: a revisão da matriz curricular dos cursos de Medicina (com 70% das unidades prevendo mudanças até 2026), a criação de um fundo para apoiar pesquisas sobre diversidade, a ampliação de vagas afirmativas para docentes e a reserva de 10% das bolsas sociais para estudantes negros, indígenas e pessoas com deficiência.
Outras ações em andamento incluem a aquisição de manequins de simulação realística com tons de pele diversos, a oferta de serviços assistenciais voltados a populações com marcadores étnico-raciais e o fomento à produção científica com foco em equidade na saúde. Em abril de 2024, por exemplo, o programa passou a apoiar projetos de pesquisa científica sobre diversidade nas 18 unidades de Medicina do IDOMED.
Para a professora e médica Amanda Machado, do IDOMED, o programa representa um avanço necessário: “o Mediversidade no curso de Medicina, que é majoritariamente branco e elitista, se faz necessário e urgente como uma ação antirracista concreta. A formação médica deve se comprometer com a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra”, afirma.
O acesso ao curso já está disponível para todos os públicos por meio da página oficial: https://www.idomed.com.br/letramento-mediversidade.
Fonte: Direto da Redação