Muito além da imagem: quando o diagnóstico vê o que o corpo ainda não entende
A descoberta de um câncer de mama aos 40 anos, o monitoramento de um bebê em desenvolvimento dentro do útero e um braço quebrado. Sabe o que todas essas situações têm em comum? Isso mesmo: o diagnóstico por imagem. Realizados há mais de 100 anos por profissionais da saúde, os exames radiológicos permitem a observação e identificação da anatomia interna do corpo humano, como órgãos, ossos, músculos, tecidos e até mesmo veias e artérias. Na prática, funcionam como uma “fotografia” do organismo, capazes de detectar doenças, condições clínicas ou monitorar questões pré-existentes — tudo de forma segura e não invasiva.
Dependendo do objetivo e das necessidades de cada paciente, a radiologia engloba diversos setores e abordagens. As principais áreas incluem raios X, ultrassonografia, mamografia, densitometria óssea, tomografia, ressonância magnética, biópsias e consultorias radiológicas. Nesse contexto, os exames contribuem para a detecção precoce de anomalias, a avaliação da gravidade das enfermidades e o planejamento de terapias mais assertivas e adequadas.
Robson Tadachi, médico radiologista e docente do IDOMED, explica que ainda há muito desconhecimento sobre os diagnósticos por imagem e os profissionais que atuam na área. “O melhor cenário, sem dúvida alguma, é ter a possibilidade de integrar a comunicação entre médicos radiologistas e médicos assistentes, o que proporciona maior qualidade e aprofundamento na elaboração dos laudos radiológicos. Essa integração é essencial para reunir o maior número de informações sobre o paciente, com o intuito de propiciar um tratamento direcionado e individual, resultando em melhorias significativas e maior prognóstico”, afirma.
A jovem estudante Isabela Smith, de 19 anos, reconhece a importância dos exames de imagem após enfrentar um problema delicado de saúde. A questão, que se iniciou como uma possível enxaqueca, evoluiu para episódios de intensa dor de cabeça, impossibilitando-a de dormir, andar e realizar suas tarefas rotineiras por meses. Somente depois de uma longa investigação, descobriu-se que ela sofre de pressão intracraniana idiopática.
“Foi um momento difícil, porque as dores de cabeça, extremamente agudas e fortes, eram confundidas com uma simples cefaleia. Foram feitos exames de imagem, como ressonância de várias partes do crânio, além de exames oftalmológicos, para finalmente ver que um nervo ótico estava sendo pressionado por um líquido no meu cérebro”, relata. “Foi um alívio descobrir o que era, pois eu tomava remédios fortíssimos, mas não havia efeito algum. Então, finalmente entender o motivo das dores e ver que eu podia lidar com isso de outras formas foi muito tranquilizante.”
Segundo dados do Atlas da Radiologia no Brasil, em 2023 mais de 101 milhões de exames de imagem foram realizados apenas no Sistema Único de Saúde (SUS). Na rede privada, os números são ainda maiores. As informações reforçam a importância da radiologia e a grande demanda da população brasileira por cuidados com a saúde e o bem-estar, tanto na prevenção quanto no tratamento de doenças.
Para Tadachi, a evolução tecnológica é uma aliada no desenvolvimento de novas ferramentas para o setor da saúde. Um exemplo impactante é o exame de Angio RM ou Angio CT, que permite a detecção precoce de aneurismas cerebrais e aórticos. Outro destaque é a mamografia, capaz de identificar o câncer de mama com alta precisão.
Paralelamente, a inteligência artificial tem viabilizado a redução da radiação em tomografias, diminuído o tempo de execução de ressonâncias e aprimorado a precisão dos exames durante procedimentos cirúrgicos, reduzindo a exposição dos pacientes.
Com diagnósticos mais rápidos e precisos, os tratamentos podem ser iniciados de forma imediata, aumentando as chances de recuperação e qualidade de vida dos pacientes. Aliada à expansão da tecnologia e à integração entre especialistas, o diagnóstico por imagem segue como uma das ferramentas mais indispensáveis da medicina moderna.
Fonte: Direto da Redação