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Decisão de Dino faz bancos perderem R$ 18,7 bi em valor de mercado

Impacto da Lei Magnitsky: setor bancário brasileiro tem queda bilionária após determinação

Por Direto da Redação
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado Flávio Dino durante sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal
Flávio Dino durante sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal

Ao longo desta semana, os cinco principais bancos listados na B3 passaram por oscilações significativas em seu valor de mercado, motivadas pela decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), que gerou incertezas sobre a aplicação da Lei Magnitsky no Brasil. De acordo com a consultoria Elos Ayta, o saldo negativo acumulado atingiu a expressiva marca de R$ 18,7 bilhões, em comparação com o fechamento do mercado na segunda-feira (21), quando a medida ainda não havia sido precificada.

No auge da instabilidade, na terça-feira (22), o setor bancário chegou a amargar perdas próximas a R$ 42 bilhões, atingindo seu ápice de R$ 46,3 bilhões na quinta-feira (21), diante do receio de possíveis implicações regulatórias para os bancos brasileiros. A questão central envolve o dilema entre acatar decisões judiciais locais que afastam sanções internacionais ou seguir as restrições externas, correndo o risco de enfrentar questionamentos domésticos.

No entanto, na sexta-feira, o cenário se modificou com o alívio global proporcionado pelas declarações de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve. Nesse contexto, o setor conseguiu conter parte das perdas, com o valor de mercado retornando a R$ 976,9 bilhões, o que limitou o impacto da decisão de Dino a R$ 18,7 bilhões.

Desempenho dos principais bancos

Segundo a Elos Ayta, durante o período em questão, o Santander Brasil (SANB11) registrou ganhos, enquanto o Bradesco (BBDC4) se manteve estável. Por outro lado, o Itaú Unibanco (ITUB4) teve uma queda superior a 1%, o Banco do Brasil (BBAS3) quase 3%, e o BTG Pactual (BPAC11) mais de 5% de desvalorização.

Abaixo, veja resumidamente as perdas consolidadas dos maiores bancos do país após a decisão de Dino (de 18 a 22/08):

  • Itaú Unibanco (ITUB4): de R$ 385,3 bi para R$ 381,2 bi, perda de R$ 4,1 bi (-1,1%).
  • Bradesco (BBDC4): de R$ 160,5 bi para R$ 160,1 bi, recuo de R$ 0,4 bi (-0,3%).
  • Banco do Brasil (BBAS3): de R$ 120,3 bi para R$ 117,0 bi, perda de R$ 3,3 bi (-2,7%).
  • Santander Brasil (SANB11): de R$ 100,9 bi para R$ 101,6 bi, alta de R$ 0,7 bi (+0,7%).
  • BTG Pactual (BPAC11): de R$ 228,7 bi para R$ 217,0 bi, queda de R$ 11,7 bi (-5,1%).

Fonte: Consultoria Elos Ayta

Desafios do Banco do Brasil

Embora não tenha sido o banco mais impactado em termos de desvalorização, o Banco do Brasil é considerado o mais suscetível diante da controvérsia jurídica desencadeada pela decisão do STF. Por ser uma instituição parcialmente estatal, o BB enfrenta pressões políticas e institucionais que tendem a restringir sua margem de manobra em situações de conflito entre legislações nacionais e internacionais.

Além disso, o Banco do Brasil desempenha um papel estratégico ao ser responsável pelo pagamento dos servidores federais, detendo milhões de contas-salário, incluindo a de ministros do STF.

Por fim, o BB enfrenta um risco considerável em termos de reputação. Ao se encontrar no centro de uma possível disputa diplomática entre Brasil e Estados Unidos, qualquer equívoco pode ter repercussões não apenas no mercado financeiro, mas também em esferas de política externa e governança pública.

Fonte: Divulgação