Economia brasileira desacelera no 2º trimestre: entenda
PIB cresce 0,4% no 2º trimestre com queda nos investimentos.

A economia brasileira mostrou sinais claros de desaceleração no segundo trimestre deste ano comparado ao primeiro. De acordo com dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça-feira, 2 de agosto, o PIB (Produto Interno Bruto) apresentou um crescimento de apenas 0,4%, em contraste com a alta revisada de 1,3% dos três meses anteriores.
Essa baixa no crescimento econômico é atribuída a fatores como a queda dos investimentos e uma retração esperada no setor do agronegócio. Ambos contribuíram significativamente para o resultado do período.
Queda dos investimentos
A Formação Bruta de Capital Fixo, que avalia o aumento da capacidade produtiva através dos investimentos, registrou um declínio de 2,2% no segundo trimestre. Este indicador é crucial, pois reflete a desaceleração observada entre abril e junho.
De acordo com a FIESP, "os investimentos interromperam uma sequência de seis trimestres consecutivos de crescimento." O cenário de juros elevados foi um dos fatores que reduziram a demanda por máquinas e equipamentos, enquanto os investimentos em construção também desaceleraram.
Agronegócio
Depois de ter sido um dos motores do PIB no primeiro trimestre, o agronegócio mostrou uma ligeira queda de 0,1% no segundo trimestre. A contração do setor é atribuída a fatores sazonais, como o término do impacto das safras de milho e soja.
No entanto, o setor continua relevante para a economia. Rodolfo Margato, economista da XP, destaca que "na comparação interanual, a agropecuária subiu cerca de 10% no segundo trimestre," mostrando a força do setor dentro do contexto econômico de 2025.
Consumo do governo
O consumo do governo viu uma redução de 0,6% no segundo trimestre de 2025. Este indicador representa as despesas realizadas pela administração pública em bens e serviços.
Rafael Perez, economista da Suno Research, explica que "a retração foi influenciada pela menor expansão dos gastos na primeira metade do ano, devido à aprovação tardia do orçamento em abril e o efeito calendário dos precatórios."
Avaliação
Especialistas apontam que os resultados do segundo trimestre confirmam uma desaceleração gradual da atividade econômica nos próximos meses. Rodolfo Margato reforça que "os resultados do PIB do segundo trimestre confirmam nosso cenário de desaceleração da atividade doméstica ao longo de 2025."
Após a divulgação dos dados, o Ministério da Fazenda indicou que a estimativa de crescimento da economia para 2025 tem um leve viés de baixa. O governo projeta um crescimento do PIB de 2,5% este ano.
Rafael Perez destaca que "o quadro geral reforça a tendência de desaceleração da economia nos próximos trimestres," com a política monetária restritiva impactando mais fortemente a atividade na segunda metade do ano e os riscos provenientes do alto endividamento das famílias e incertezas fiscais.