Inadimplência no agro cresce e Caixa ajusta crédito
Caixa vê inadimplência no agro subir e ajusta oferta de crédito.

A situação financeira do agronegócio tem gerado preocupação, especialmente devido ao aumento do número de recuperações judiciais após a quebra de safra em 2024. Os dados do segundo trimestre da Caixa Econômica Federal revelaram que a inadimplência no setor agrícola subiu para 7,02% entre abril e junho deste ano.
No primeiro trimestre, a inadimplência estava em 4,3%, e no mesmo período do ano passado, era de apenas 2,11%. Este aumento contrasta com a expectativa de uma colheita recorde de grãos neste ano, que deve contribuir para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), conforme previsões de mercado.
O saldo da carteira de crédito da Caixa voltada para o agronegócio chegou a R$ 60,5 bilhões no período, uma alta de 2,6% comparada a 2024, mas uma redução de 4,8% em relação a março. Marcos Brasiliano Rosa, vice-presidente de finanças e controladoria da Caixa, afirmou que as novas contratações de crédito para o agro somaram R$ 5,7 bilhões no período.
Brasiliano destacou a estratégia de estabilizar o segmento e melhorar a qualidade do crédito, indicando que o banco está reduzindo a oferta para esse setor. Especialistas apontam que a alta inadimplência está ligada à concessão de crédito durante períodos de taxa Selic historicamente baixa entre 2020 e 2021 (2%), seguida pela queda nos preços das commodities e, atualmente, a Selic em 15% ao ano.
Além disso, o setor enfrenta problemas como uma onda de recuperações judiciais e os efeitos do tarifaço de Donald Trump sobre produtos agrícolas, como café. No Banco do Brasil, que financia quase metade do agronegócio no país, a inadimplência também subiu, atingindo 3,94%, um aumento notável comparado aos 2,45% do ano anterior e 0,96% no final de 2023.
Os chamados "créditos problemáticos" do agronegócio na Caixa somam R$ 6 bilhões, dos quais metade já está provisionada, segundo Brasiliano. Apesar deste cenário desafiador, a Caixa registrou um aumento de 12% no lucro recorrente no segundo trimestre, totalizando R$ 3,682 bilhões, resultado atribuído à recuperação da margem financeira, com crescimento de 25% na receita de intermediação financeira nos primeiros seis meses do ano.
O índice geral de inadimplência da Caixa subiu para 2,66% em junho, em comparação a 2,49% em março e 2,20% em junho de 2024. O saldo total da carteira de crédito chegou a R$ 1,294 trilhão, um crescimento de 10,1% no ano e 2,1% no trimestre. No setor imobiliário, onde a Caixa detém 67,6% de participação, a carteira atingiu R$ 875,4 bilhões no segundo trimestre, uma alta de 2,9% sobre o trimestre anterior e 11,7% em 12 meses.
Fonte: Divulgação