Salário mínimo venezuelano atinge valor simbólico em reais

Na última terça-feira, 10 de outubro, o salário mínimo na Venezuela despencou para o equivalente a R$ 2,72 mensais. Essa quantia, que corresponde a meio dólar, foi calculada segundo a cotação oficial do Banco Central Venezuelano (BCV), que registrou o dólar a 262 bolívares.

Apesar de o salário nominal ser de 130 bolívares mensais, ele permanece sem reajuste desde março de 2022. Naquela época, a quantia era aproximadamente de US$ 30. A contínua desvalorização da moeda venezuelana amplifica o impacto sobre o poder de compra dos trabalhadores.

Para sobreviver, muitos venezuelanos dependem de mecanismos adicionais como bônus extras, remessas enviadas por familiares no exterior e apoios informais. Os pagamentos diretos do governo desempenham um papel crucial, oferecendo benefícios como R$ 217,34 em vale-alimentação e R$ 652,03 em "renda de guerra econômica". Esses valores são distribuídos a servidores públicos e não entram no cálculo de benefícios trabalhistas.

Desafios para o aumento do salário mínimo

Conforme análise de um economista consultado pela agência EFE, a capacidade da economia venezuelana de aumentar os salários reais é limitada. “A questão não é como se vive com um salário tão baixo, mas por que não é possível aumentá-lo”, comentou, sob anonimato.

Os principais obstáculos citados pelo especialista incluem a baixa produtividade e os altos custos operacionais, que tornam um reajuste salarial inviável tanto para o setor privado quanto para o público. Além disso, o vasto número de servidores públicos, que chega a 5,5 milhões, e os mais de 4,5 milhões de pensionistas complicam ainda mais a possibilidade de um aumento significativo.

Política de bônus do governo Maduro

A administração de Nicolás Maduro justifica a distribuição de bônus avulsos como estratégia para mitigar pressões inflacionárias e driblar sanções internacionais. Embora o salário mínimo permaneça congelado, os bônus mensais para funcionários públicos podem alcançar até US$ 160. No entanto, estes não integram o salário-base e, portanto, não são considerados no cálculo de benefícios como férias e aposentadorias, o que enfraquece o sistema de proteção trabalhista.

Hoje, o salário mínimo venezuelano é um dos mais baixos do mundo em termos nominais, e o poder de compra dos trabalhadores continua a declinar, mesmo com os bônus adicionais.

*Com informações da EFE