Tratamento com células-tronco repara cérebro após AVC
Pesquisa revela sucesso em regeneração cerebral com células-tronco.

Pesquisadores na Suíça desenvolveram um tratamento inovador utilizando células-tronco para reparar danos no tecido cerebral provocados por acidentes vasculares cerebrais (AVC). O estudo, que apresenta resultados promissores, foi publicado na revista científica Nature Communications.
O tratamento tradicional para AVCs, que consiste em dissolver coágulos sanguíneos, deve ser administrado até quatro horas e meia após os primeiros sintomas. No entanto, esse novo método busca oferecer alternativas para pacientes que não conseguem receber essa intervenção a tempo, ampliando o período de tratamento.
Ruslan Rust, professor assistente de fisiologia de pesquisa e neurociência na Escola de Medicina Keck, aponta que essa técnica poderá beneficiar pacientes com sintomas prolongados ou grandes AVCs, caso venha a ser usada clinicamente.
O estudo foi realizado pela Escola de Medicina da Universidade de Zurique e pela ETH Zurique, onde células sanguíneas humanas foram reprogramadas para se transformar em células-tronco neurais, capazes de virar neurônios. Essas células foram então transplantadas em camundongos com AVC isquêmico, que ocorre devido a uma obstrução arterial.
Os resultados foram animadores: os camundongos que receberam as células-tronco mostraram sinais de recuperação, incluindo menor inflamação e maior crescimento neuronal e vascular, além de melhor conectividade entre os neurônios. Houve também menos vazamento na barreira hematoencefálica, crucial para a proteção cerebral.
Os movimentos dos animais foram analisados com inteligência artificial, revelando que suas habilidades motoras finas melhoraram significativamente cinco semanas após o tratamento. Além disso, a marcha dos camundongos tratados foi superior à dos que passaram por cirurgias simuladas.
A pesquisa também destacou uma redução de cerca de 50% nos neurônios que secretam ácido gama-aminobutírico (GABA), que são importantes na recuperação de AVCs. A maioria das células transplantadas se transformou em neurônios GABAérgicos, sugerindo que o ambiente cerebral pós-AVC orienta o desenvolvimento das células-tronco.
Conforme Rust, entender esses mecanismos é vital para desenvolver novas terapias ou aprimorar as já existentes, podendo facilitar a adaptação de medicamentos já aprovados para outras doenças, abrindo caminho para futuros tratamentos inovadores.