Vale-gás de Lula promete expansão, mas orçamento é questionado
Novo vale-gás quer atingir 15 milhões, mas verba preocupa

O presidente Lula lançou uma nova versão do programa de vale-gás nesta quinta-feira, em um evento marcado pelo entusiasmo de ministros levantando botijões de gás. A iniciativa visa fazer parte das ações eleitorais do governo para o ano seguinte. No entanto, surgem dúvidas sobre sua execução e o impacto no orçamento.
O programa é uma modificação do “Auxílio Gás”, que oferece um pagamento bimestral que cobre 100% do valor do botijão de 13 kg de gás de cozinha (GLP) para famílias elegíveis. Este benefício é integrado ao Bolsa Família.
Atualmente, cerca de 5 milhões de famílias são atendidas pelo programa, que possui um orçamento anual de R$ 3,5 bilhões desde 2023. A nova meta do governo é ampliar esse número para 15 milhões de famílias, com a iniciativa renomeada para Gás do Povo. Para tal, foram reservados R$ 5,1 bilhões em 2026, valor que não chega a ser o dobro do destinado neste ano.
Um detalhe na proposta orçamentária chama atenção: o valor atual só seria suficiente para atender 7,870 milhões de famílias. Isso indica que o cálculo não cobre a quantidade de beneficiários pretendida pelo governo.
Os critérios de elegibilidade permanecem inalterados. As famílias inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) com renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa têm direito ao benefício, priorizando aquelas que já recebem o Bolsa Família.
Cada família poderá retirar uma quantidade de botijões por ano, variando conforme o tamanho familiar: até três botijões para dois integrantes, até quatro para três integrantes, e até seis para famílias com quatro ou mais membros. No total, cerca de 65 milhões de botijões serão distribuídos anualmente. No entanto, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) informou que, em agosto, o preço médio do GLP de 13 kg era de R$ 107,73, resultando em um custo de aproximadamente R$ 7 bilhões, superando o orçamento previsto.
Embora o orçamento permita ajustes por meio de cortes em outras áreas, a situação destaca que o programa ainda necessita de definições claras por parte do governo.
A distribuição do recurso também será modificada. Em vez de um benefício em dinheiro, as famílias retirarão diretamente o botijão nas revendedoras credenciadas. A justificativa é aumentar a eficiência, a transparência e o controle da política pública. Entretanto, a logística implica que cada família deverá buscar seu botijão, pois o voucher não cobre o frete do gás.