Gazeta do Povo denuncia suposta "Justiça Paralela" e repressão ideológica
Jornal aponta uso político de informações privadas por assessores de ministro do STF

O editorial publicado pela Gazeta do Povo nesta quarta-feira revela uma denúncia grave envolvendo uma suposta atuação questionável por parte de assessores do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com o jornal, teria sido identificada a existência de uma espécie de “Justiça paralela”, que estaria operando com uso político de informações privadas e repressão ideológica contra cidadãos relacionados aos eventos de 8 de janeiro de 2023.
A crítica se embasa em mensagens trocadas por auxiliares de Moraes, recentemente divulgadas por jornalistas e pesquisadores, que apontam para a formação de uma unidade informal de inteligência, supostamente composta por funcionários do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), incluindo juízes auxiliares. Essa unidade utilizaria um grupo de WhatsApp para monitorar e investigar pessoas detidas após os mencionados eventos, elaborando certidões que influenciariam diretamente a situação jurídica dos envolvidos.
Irregularidades e violações de sigilo
O uso político dessas certidões, conforme mencionado no editorial, estaria baseado em opiniões políticas, transformando dissidências em motivos para sérias consequências legais. O texto aponta também para o emprego irregular de informações sigilosas, incluindo dados da Receita Federal, cadastros de habilitação e até mesmo o banco de dados biométrico do TSE, violando a legislação vigente de proteção de dados.
Segundo a Gazeta do Povo, tais práticas eram conduzidas à margem dos trâmites legais adequados, sem compartilhamento com a defesa ou com a Procuradoria-Geral da República, desrespeitando a integridade das evidências conforme exigido em investigações criminais.
Papel de Cristina Yukiko Kusahara e apelo por investigação
O editorial também destaca o papel de Cristina Yukiko Kusahara, chefe de gabinete de Moraes no STF, na coordenação dessas ações, apontando ainda que até mesmo indivíduos ligados a militância política, universidades e agências de checagem teriam sido autorizados a se infiltrar em grupos privados de mensagens, utilizando o e-mail pessoal do ministro para evitar rastreamento institucional.
O texto encerra com um apelo à abertura de uma CPI do Abuso de Autoridade, ressaltando a importância de esclarecer e investigar as alegações feitas, inclusive ouvindo figuras chave como o ex-assessor do TSE Eduardo Tagliaferro. A Gazeta do Povo destaca que a CPI pode ser fundamental para lançar luz sobre o alegado sistema repressivo montado por Moraes, convidando os envolvidos a refletirem sobre o legado que desejam deixar para o país.
Fonte: Divulgação