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Projeto de Lei da Liberdade Humorística surge após condenação de humorista

Deputado propõe legislação para proteger liberdade humorística após sentença a Léo Lins.

Por Redação
Foto: Divulgação / InfoMoney Roberto Monteiro - Foto: Divulgação Câmara dos Deputados
Roberto Monteiro - Foto: Divulgação Câmara dos Deputados

O deputado federal Roberto Monteiro (PL-RJ) surpreendeu ao apresentar um projeto de lei que busca estabelecer a "Lei da Liberdade Humorística". A iniciativa surge como resposta à condenação do humorista Léo Lins a 8 anos e 3 meses de prisão por piadas consideradas discriminatórias, desencadeando forte reação política, especialmente entre parlamentares próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Reação Política e Proteção à Expressão

O projeto legislativo proposto por Monteiro visa evitar o que ele denomina de "censura prévia" a expressões humorísticas. A proposta busca conferir imunidade penal não apenas a comediantes, mas também a produtores, exibidores e distribuidores de conteúdo humorístico, tanto em eventos presenciais como no ambiente virtual.

Segundo a justificativa do texto, a intenção é restaurar a capacidade crítica do humor brasileiro, protegendo-o de possíveis ações moralizantes do Estado que historicamente limitaram a liberdade artística. A proposta busca garantir que os cidadãos tenham o direito de rir e fazer rir sem temer sanções penais excessivas.

Proposta Abrange Anulação de Processos

Além da imunidade penal, o projeto prevê a anulação de processos judiciais em andamento relacionados a piadas, bem como o arquivamento de ações por danos morais. Contudo, indenizações civis que já tenham sido pagas não seriam reembolsadas.

A proposta ainda aguarda distribuição às comissões temáticas da Câmara dos Deputados. Na mesma linha, a deputada Caroline De Toni (PL-SC) também apresentou um projeto relacionado, propondo alterações na Lei do Racismo para proteger manifestações humorísticas que envolvam diferentes grupos sociais.

Condenação de Léo Lins e Desacordo Judicial

A sentença do humorista Léo Lins, determinada pela Justiça Federal, inclui multa e indenização por danos morais. Enquanto a decisão considera que suas piadas causaram constrangimento a diversos grupos, a defesa do comediante alega restrição à liberdade artística, e o caso ainda pode ser objeto de recurso.

Nos bastidores da Câmara, a movimentação da bancada bolsonarista é interpretada como uma tentativa de estabelecer um referencial legal para definir os limites da liberdade de expressão em contextos humorísticos, diante de decisões judiciais que têm responsabilizado legalmente o humor. No entanto, a tramitação das propostas pode encontrar obstáculos fora da base de apoio governamental.