Banco Central manterá juros altos para controlar inflação, afirma Galípolo
Presidente do BC reforça necessidade de taxas restritivas em evento do Goldman Sachs

O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, reiterou sua posição em relação à manutenção dos juros em patamares elevados pelo tempo necessário para direcionar a inflação para a meta estabelecida, que é de 3%. Atualmente, a taxa de juros se encontra em 14,75% ao ano e a postura restritiva será sustentada até que os índices inflacionários estejam alinhados com o objetivo do governo.
Durante sua participação em um evento promovido pelo banco Goldman Sachs, Galípolo destacou a clareza da comunicação do Banco Central quanto à manutenção das taxas de juros em níveis mais elevados. Ele ressaltou que não há discussões internas sobre a possibilidade de o Conselho Monetário Nacional (CMN) elevar a meta de inflação, mantendo o foco na estabilidade econômica.
O presidente do BC ainda abordou a percepção de que as expectativas de inflação já incorporam a eventual adoção de medidas de estímulo pelo governo em caso de desaceleração econômica. Galípolo destacou a complexidade de definir a reação adequada em cenários de incerteza: "É desafiador determinar como ajustar a taxa de juros sem uma política fiscal clara diante de possíveis cenários de desaceleração econômica", ponderou.
Em relação à vigorosa atividade econômica em meio aos juros elevados, Galípolo enfatizou a aparente desconexão entre a política monetária e seus efeitos esperados. Ele questionou a eficácia dos canais de transmissão da política monetária ao observar a robustez da economia apesar das taxas restritivas: "Como explicar um cenário em que os juros estão em um nível considerado restritivo, mas ainda assim registramos baixos índices de desemprego e forte dinamismo econômico? Isso sugere que os mecanismos de transmissão da política monetária podem não estar operando de forma tão eficiente quanto o esperado", concluiu.