Dignidade, alimento e esperança: como a ABESPA vem construindo apoio

Quando, para muitos, ser morador de rua é o final do caminho no âmbito social, sem possibilidade de resgate, para outros é o primeiro passo em busca da reintegração e ressocialização. A Pastoral do Povo de Rua, afiliada à Associação Beneficente São Paulo Apóstolo (ABESPA), acolhe com moradia, oferece assistência alimentar e possibilita qualificação profissional a moradores de rua, dependentes químicos e pessoas em situação de vulnerabilidade em Teresina.

Com atuação há 16 anos na capital piauiense, presidida pelo padre João Paulo Carvalho, a Pastoral do Povo de Rua promove, ao longo do ano, formações gratuitas, como costura básica, barbearia, fabricação de chinelos, adesivação de canecas e artesanato. Diariamente, mais de 120 pessoas são assistidas no abrigo da ABESPA com alimentação e moradia, além do apoio prestado às casas terapêuticas para dependentes químicos espalhadas pela cidade.

“Levamos alimento para moradores de rua e, depois, convidamos para o nosso abrigo e as casas terapêuticas. Aqui oferecemos cursos profissionalizantes para que eles possam se inserir no mercado de trabalho. Nosso objetivo é mantê-los fora da rua, e já conseguimos muitas vitórias com esse trabalho”, relata o padre e presidente da ABESPA, João Paulo Carvalho.

Segundo o Observatório de Políticas Públicas sobre a População em Situação de Rua da UFMG, o Brasil tem mais de 335 mil moradores de rua. O levantamento utilizou dados do programa CadÚnico, que apontou um crescimento de 1,7% no primeiro semestre. O Nordeste é a segunda região com maior número de pessoas em situação de rua, atrás apenas do Sudeste. Outro dado é que 52% dessas pessoas não concluíram o ensino fundamental ou não possuem instrução.

Levando assistência educacional e profissional

Contrapondo a falta de assistência educacional e profissional, a Pastoral ofereceu, dentre suas opções de cursos, o de Informática Básica durante o mês de setembro, em parceria com o Senac. Residente e ex-morador de rua, Antônio Jacinto esclarece: “Eu morava de aluguel e não tive mais condições de pagar. Vim à Pastoral pedir abrigo e hoje posso somar ao meu currículo esse conhecimento. Vai me ajudar na busca por um emprego e a não ter mais desculpas”.

Além de receber desabrigados, o papel social da ABESPA se estende à comunidade que a acolhe. Famílias em extrema pobreza realizam refeições na associação, e moradores participam constantemente das qualificações: “Tive contato com informática no colégio e, por falta de prática, acabei esquecendo. O curso me ajudou a lembrar de muita coisa e aprender outras. Para mim, não foi um curso básico, foi profissional, porque muita coisa que eu não imaginava aprendi”, relata o estudante Bruno Eduardo.

A ABESPA agora busca apoio governamental para tornar outro sonho possível: o empreendedorismo. De acordo com o padre João Paulo Carvalho, a organização já está em conversas com o Ministério do Desenvolvimento Social para que recursos sejam destinados: “Queremos agora dar oportunidade para que as pessoas que fizeram os cursos possam abrir seu próprio negócio e colocar em prática o que aprenderam”.

Outros projetos da ABESPA

Ao longo desses 16 anos, a entidade desenvolveu vários projetos voltados as pessoas em estado de vulnerabilidade, como: Acolher para Incluir, espaço de acolhimento voluntário pessoas em situação de rua; Saúde e Vida, por meio de assistência social e jurídica; Passo Certo, ofertando cursos profissionalizantes; Cidadania Produtiva Rural, gerando oportunidades através da produção rural; Acolher Venezuela, para de imigrantes em situação de vulnerabilidade; Fortaleza, fortalecimento das ações por meio de atividades formativas para o corpo técnico e operacional da organização; Nutrivida, com a distribuição de refeições saudáveis e ações educativas; e Amor em Retalhos, ofertando oficinas de capacitação.

A Casa de Acolhimento e Qualificação Profissional da Pastoral do Povo de Rua está localizada na Rua Arlindo Nogueira, 2531 – Macaúba, Teresina (PI). Funciona todos os dias, em horários pré-determinados, e seu quadro operacional é composto por assistente social, psicóloga, técnica de enfermagem, terapeuta ocupacional e advogado.

Fonte: Direto da Redação