Jurista aponta ampliação de restrição contra Bolsonaro pelo STF
Professor de Direito critica uso do "poder geral de cautela" e alerta sobre riscos institu

O professor de Direito Rodrigo Chemim trouxe à tona uma crítica contundente em relação ao Supremo Tribunal Federal (STF) e a ampliação das restrições impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Em um texto recente, Chemim expressou sua preocupação com o uso excessivo do chamado "poder geral de cautela" pela corte. Para o jurista, é preocupante quando decisões judiciais que restringem liberdades não se baseiam em fundamentos legais explícitos.
Ele ressalta a importância de que medidas restritivas sejam respaldadas por argumentos jurídicos sólidos, evitando a imposição de restrições arbitrárias com base em percepções subjetivas. No centro da crítica de Chemim está a lógica adotada pelo ministro Alexandre de Moraes ao vetar o uso das redes sociais por Bolsonaro, tanto de forma direta quanto indireta.
A decisão de proibir o ex-presidente de publicar conteúdo próprio e posteriormente estender essa medida a terceiros que compartilhassem seu material levantou questionamentos sobre o alcance e a legalidade dessas restrições. O jurista argumenta que a interpretação ampliada das medidas restritivas não encontra respaldo no Código de Processo Penal.
Para ele, a possibilidade de punição pelo simples compartilhamento das falas de Bolsonaro, mesmo sem o aval ou incentivo do ex-presidente, representa um desvio que pode resultar em censura indireta e em uma interpretação distorcida das restrições pessoais. Uma questão mais ampla apontada por Chemim é o risco institucional decorrente da legitimação de cláusulas abertas e sem base objetiva pelo STF.
Ele destaca a importância de que medidas cautelares sejam aplicadas com critérios estritos, pautados pela legalidade, proporcionalidade e interpretação restritiva.
Além de alertar sobre os desdobramentos no caso Bolsonaro, o professor enfatiza a necessidade urgente de discutir os limites do Judiciário e a integridade do sistema penal no Brasil. Essa questão, segundo ele, deveria estar no centro das preocupações da academia jurídica no país, visando a preservação do Estado de Direito e das garantias individuais.