Operação da PF desmantela esquema hacker do sistema Pix
Polícia Federal prende oito suspeitos de ataque ao sistema Pix.

A Polícia Federal desmantelou uma quadrilha suspeita de realizar ataques cibernéticos ao sistema financeiro do Brasil, prendendo oito indivíduos na última sexta-feira. A operação foi possível graças à adoção de uma técnica investigativa chamada “ação controlada”, que permitiu monitorar os suspeitos e reunir provas substanciais antes de agir.
A investigação começou após uma denúncia da Caixa Econômica Federal e interceptações de mensagens e vídeos dos criminosos, que se vangloriavam de ter acesso ao sistema Pix. Na última quinta-feira, a Caixa informou à polícia que dois suspeitos transportariam uma máquina com acesso à VPN da instituição, através do gerente de uma agência no Centro de São Paulo.
Os agentes da PF acompanharam a movimentação dos envolvidos, que levaram o notebook para um local na Zona Leste de São Paulo, onde outros hackers estavam reunidos. Foi nesse endereço que a polícia efetuou as prisões em flagrante. Apesar de alguns dos detidos alegarem estar ali para uma festa, as autoridades encontraram e apreenderam doze celulares, um notebook e um pendrive na residência.
Durante a investigação, foram interceptadas comunicações entre os hackers, que utilizavam codinomes como “SETHH 7”, “RBS” e “BA”. Um dos suspeitos era responsável por criar e explorar vulnerabilidades no sistema Pix, facilitando novos ataques. Um vídeo, encontrado pelos agentes, mostrava um suspeito se gabando de possuir “a senha que gira o Pix”.
A investigação também revelou o envolvimento de doleiros, encarregados de converter o dinheiro roubado em criptomoedas e transferi-lo para o exterior através de pequenas fintechs. No sábado, a Justiça Federal de São Paulo transformou a prisão em flagrante dos suspeitos em preventiva, baseando-se nas provas recolhidas.
O relatório da PF destacou que os envolvidos teriam acesso ao cofre de senhas da Caixa Econômica Federal e que fraudadores já estavam infiltrados no arranjo de pagamento instantâneo. A ação da quadrilha teria resultado em desvio de aproximadamente R$ 1,5 bilhão, prejudicando empresas como a Sinqia e C&M, que conectam bancos ao Pix.
Os suspeitos responderão por organização criminosa e tentativa de furto qualificado por meio eletrônico. As investigações, conduzidas sob sigilo pela Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos (Deleciber), continuam para identificar outros envolvidos no esquema.